sexta-feira, 1 de maio de 2015

Os Heróis no Cinema

Bem, amigos do Globazine, vamos chegando para mais um post espetacular e, dessa vez, vamos adentrar no universo cinematográfico.

No terceiro post do blog, depois de sua volta, falaremos sobre a mania do momento, se tratando de cinema: Os Filmes de Heróis dos Quadrinhos.
Os super-heróis nasceram e cresceram à sombra da Segunda Guerra Mundial. A uma luta sangrenta, gente como o Superman, o Capitão América e outros menos conhecidos acrescentaram um toque (ou mais que isso) de fantasia. De início, eles figuravam nas páginas de quadrinhos, vendidos a míseros centavos. Assim conquistaram um grande público, criando um nicho de fãs que perdurou até o advento das mídias sociais.
Entre o final da década de 90 e o início do século XXI, após tentativas anteriores, fizeram sucesso também na telona, graças aos avanços tecnológicos que "possibilitaram" a existência dos poderes desses heróis. Mas por que fazem tanto sucesso ?

Os heróis sempre estiveram bem próximos a realidade. Apesar de comumente serem dotados de força extraordinária por obra da natureza ou do acaso, representam uma época ou situação vivida pela sociedade, como uma grande, bem formulada e artística metáfora. Sua característica mais frequente é a necessidade de manter sua real identidade em segredo, fazendo um pivô com a ideia de que "parecemos fracos mas, na verdade, somos invencíveis".

Goku, quando criança
O cinema e a TV, que sempre se alimentaram das coisas do mundo, inclusive as histórias em quadrinhos, antes ainda que elas se denominassem "graphic novels" e se tornassem pedantes, aproveitaram-se deles desde cedo. Nem sempre muito bem. Seriados como "Mandrake" sofriam com a falta de imaginação e energia – coisas impensáveis num herói dessa natureza. "Batman", o seriado de TV, parecia não levar muito a sério o heroísmo do herói, mas tiravam disso o encanto que fascinava a molecada dos anos 1960.

Batman e Robin, da década de 60
Deixemos de lado os heróis que o próprio cinema produziu. Tenho na lembrança que o primeiro herói a ganhar uma grande produção no cinema foi mesmo o Superman: justa precedência, pois então a era dos blockbusters apenas começava. O malsinado Christopher Reeve foi escalado para o papel. Eu prefiro o segundo filme de Superman, o de 1980, ao qual Richard Lester trouxe um lado de humor fascinante.

Richad Lester, como Superman
Foi, no entanto, "Batman", no final dos anos 1980, os anos "dark" por excelência, quem fez do super-herói um herói dos estúdios de cinema: é verdade que os fãs das revistas em quadrinhos reclamaram da interpretação dada por Tim Burton, que fugia ao infantilismo habitual. Aqueles personagens cindidos, espalhando suas dores pela cidade, eram uma coisa realmente excepcional no mundo medíocre da indústria cultural.

Batman, de Tim Burton
Mas isso logo passou. Passou sem passar, se é que dá pra entender. Os efeitos especiais evoluíram. O cinema perdeu cada vez mais o elo com a realidade.

Estranho fenômeno, aliás: num determinado momento, o melhor do cinema americano, ao menos do cinema americano de massa, veio dos filmes para crianças: de "Fuga das Galinhas" a "Toy Story", passando por esses em que o peixinho se perde do pai, ou em que a natureza sai dos eixos. Filmes com fantasia, dignidade, material para reflexão e que, acima de tudo, serviam fantasticamente ao "negócio", o business: dava para levar os filhos e também os pais: dava para três gerações da família.

O primeiro Toy Story
Se Batman continua sua saga, na versão mais banal e brutal de Christopher Nolan, vimos nos últimos anos a ascensão de outros grandes personagens, de Hulk ao Capitão América. Nenhum tão forte, no entanto, quanto o Homem-Aranha.

O Aranha ilustra bem, no entanto, a capacidade da indústria de cinema atual de vulgarizar tudo em que toca. Peter Parker é talvez o mais fascinante dos super-heróis porque o mais frágil. Não goza dos efeitos milagrosos de ter nascido em Krypton ou similares. Tudo de que dispõe é de uma teia. Que lhe permite voar de prédio em prédio, que lhe dá força animal, mas, ao mesmo tempo, é o lugar onde se enreda sua vida. Quanto mais heroico, mais perseguido pela mídia, mais incompreendido por seus semelhantes. Quanto mais apaixonado (e objeto de paixão), mais deve ocultar-se da amada.

O Homem Aranha da primeira trilogia
Toda essa magia, que o gibi conseguiu preservar por décadas, o cinema pôs a perder depois de dois filmes muito bons. Mas parece que os caras não se aguentam: têm que dissipar o mistério, têm que acabar com o encanto sobrenatural, têm que vulgarizar tudo em que tocam.

Os super-heróis hoje sustentam o cinema de grande espetáculo por virtudes como derrubar prédios, salvar navios do naufrágio, aviões da queda, trens do descarrilhamento, isto é, coisas que o descolamento progressivo da realidade, a ausência de tensão entre fantástico e mundo real propiciam.

Os super-heróis, tal como concebidos nos anos mais recentes, garantem a glória da Marvel e a sobrevivência dos estúdios, é verdade. Mas ajudam a fazer do cinema uma diversão de segunda classe: o lugar onde a gente vai por falta do que fazer, depois das compras, para se encher de pipoca ou passar mensagens pelo celular.

Eu me incomodo, é verdade, mas o cinema não dá a mínima bola para mim. Assim sobrevivem as grandes produções, assim garantem-se as filas do domingo. Eu mesmo às vezes gosto mais de ir lá para ficar vendo as filas: nada mais triste do que o cinema sem elas.

Referência Bibliográfica